MASSAPÉ
A negrada foi capturada para produzir o pão.
Terá que lanhar muito os pés neste chão.
Por todos os maus-tratos físicos,
o senhor não lhe pedirá perdão,
porque só o que lhe interessa,
são os lucros que receberá dessa exportação.
A negrada pisa na terra escura.
Afofá-la e trabalhar bem, ela procura.
Esta terra é carregada de nutrientes,
mas não pode parar, para fugir do sol incandescente.
Da terra preta brotarão as mudas.
O senhor não oferece à multidão, nenhuma ajuda.
Ela trabalha firme, e em unidade!
Mas o senhor e o sol, não reconhecem
a negra humildade.
Refresca os pés nesta umidade.
Esquece das surras efetuadas pelo senhor covarde.
Trata da terra com muita amabilidade;
chora ao lembrar de sua natividade!
Rala suada em míseras condições,
apavora-se quando lembra-se dos grilhões!
Reza para que os seus irmãos não tenham
semelhante destino,
pois serem pegos facilmente pelos brancos,
seria um desatino.
A terra terá que estar bem madura para oplantio;
Terá que resistir ao estio.
Do árduo trabalho, nem escapam as mulheres
com crianças de colo.
Trabalham desgraçadamente para alimentar
preto solo!
O açúcar da terra nascerá;
o conhecimento negro nunca se extinguirá!
De pai para filho foi passada a mágica,
que absorveram e frutificaram os massapés da África.
-Gabriel Ribeiro Eleodoro
Rio de Janeiro, 19 de janeiro de 2000.
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