VENTO DA MADRUGADA
O vento da madrugada me acordou.
Aos meus sonhos me levou.
Todas as estrelas pegou;
a lua erodiu.
Ninguém sabia que estava escondido atrás
dos negros montes.
Sente prazer em surrar as janelas;
aterroriza ao balançar as pontes!
Bagunça os cabelos das últimas donzelas.
Vento, por que te mostras tão impetuoso?
Não estou te entendendo!
Por que te mostras tão tortuoso?
De nenhum intento teu, não estou sabendo.
Devolva-me a quietude!
Não perturbes mais a madrugada!
Não tomes mais tal atitude!
Faça que volte a ficar estrelada.
Enfureces os rios com o teu vozerio.
Chicoteias as árvores, até ficarem desnudadas!
A natureza está submetida ao teu poderio!
Os esquilos coletam gratos, as frutas desarraigadas.
Vá embora, vento inconveniente!
Deixa o meu corpo ficar descansado.
Guarda-te num lugar do Ocidente,
para que te prenda, e que fiques bem atado;
e que deixes livre o caminho do nascente.
- Gabriel Ribeiro Eleodoro
Rio de Janeiro, de 05 a 13 de julho de 1999.
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