sábado, 19 de março de 2016

BICHO-FOLHA

Em minha camisa, uma folha se prendeu.
Do vento se escondeu.
As outras folhas ele arrastava,
mas a minha roupa a guardava.

Mas ela não era realmente uma folha.
Era um bicho!
Da parte dele, um capricho.
Ser simultâneo; não soube fazer a escolha.

Metamorfose incompleta.
Veio-me como uma sinistra seta.
Enganara todas as folhas-irmãs;
confundir os inimigos era o seu afã.

Então, de mim se soltou.
No tapete folhado e macio, dormitou.
O bicho minúsculo veio me dizer
que na impressão outonal, preciso ter o prazer.


- Gabriel Ribeiro Eleodoro

Rio de Janeiro, de 05 a 07 de abril de 2005.

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